[PRAIA] - Hórus

Escuridão. Sentia um calor em todo o corpo, me esquentando, e algo fofo por baixo de mim. Acho que estava deitado. Ficava cada vez mais quente, e uma gota de suor escorria de meu cabelo. Abri os olhos, vi o azul do céu e as nuvens sendo transportadas pelo vento, que soprava numa agradável brisa. Me sentei e olhei em volta, estava em uma praia. A maré não conseguia chegar até mim, apesar de estar alta. Me sentei. Que lugar era aquele? Uma ilha, talvez? Não sabia de nada. Eu havia lutado ao lado da Resistência com os Elitianos, matado milhões de Rockets e finalmente consegui ser o único sobrevivente quando atacaram meu pelotão numa emboscada. Agora que eu finalmente estava em paz, me lembrava apenas de levar uma pancada na cabeça, e agora estava aqui nesta praia.

Levantei e limpei a areia de meu corpo, então vi que ao chão havia uma Poké Ball. Eu estava sem meus Pokémon, com uma mochila vazia e sem ideia de onde poderia estar. mas atrás de mim havia uma floresta, e parecia ser cheia de perigos. Bom, se eu desejasse sair de lá com vida, acho que seria vantajoso ter algum Pokémon comigo. Agarrei a Poké Ball e soltei o Pokémon de lá. Após o flash de luz, vi que se tratava de um Pokémon nomeado de Lopunny. Parecia ser fêmea, e estava com um botão vermelho cravado em sua orelha direita, onde havia um símbolo. Estava tentando me recordar, mas não tinha ideia. Talvez o símbolo dos Elitianos?

Enquanto tentava saber o que estava acontecendo, aquela Lopunny estava me seduzindo. Ela se virara de costas, inclinara seu corpo para a frente e agora começava a transferir peso de uma perna para a outra, sensualizando e tentando fazer com que eu ficasse com desejo por ela. Eu tinha preferência por homens, e não mulheres. Percebi que estava com a mesma roupa antes de eu perder a memória. Meu sobretudo de couro azul profundo, um lenço vermelho que eu normalmente usava para me disfarçar junto com um óculo escuro e meus tênis para esportes. Lopunny ainda tentava me sensualizar. Aquilo seria um problema, então peguei a Poké Ball para retorna-la e adentrar a floresta.

Lopunny, que olhava para trás, deu um rápido chute na Poké Ball, muito preciso também e a quebrou. Por que diabos ela havia feito aquilo?

- Droga - Disse eu a ela - Certo, eu sou Shun Kurosaki, comandando de um pelotão da Resistência dos Elitianos durante a guerra de Kanto. Não me interesso por mulheres, então azar o seu. Precisamos trabalhar juntos para sairmos deste local vivos.

Lopunny pareceu se entristecer quando disse que não me interessava por mulheres, mas logo se animou com a ideia de sobrevivermos.

- Que tal um nome? - Perguntei a ela, enquanto a mesma assentia - Vou lhe chamar de Bunny, e este será seu codinome enquanto estiver comigo. Agora vamos.

Sem mais demoras, comecei a caminhar pela praia, em direção a floresta. Também carregava a mochila vazia comigo, nunca se sabia se poderia ser encontrado algo para se sobreviver.

Após termos nos olhado por mais alguns segundos para nos acostumarmos as ideias de que iríamos ser parceiros, uma voz começa a ecoar em minha mente. Não sabia de Bunny estava ouvindo também, mas seja como for, esta voz dizia que eu estava na Royale Island. Eu já havia percebido que aquilo não era um resort ou algo do tipo quando alguns Pokémon haviam me observado com ferocidade. Segundo a voz, existiam mais 6 participantes tentando sobreviver como eu, totalizando sete. Mas por que isso? Seria algum tipo de jogo doentio? Se aquela ilha fosse realmente cheia de perigos, eu peguei um Pokémon perfeito. Segundo registros de PokéDex, o Pokémon Lopunny quando sente perigo se aproximando ele graciosamente fica atento sem chamar atenção alguma. Sua audição deveria ser muito aguçada. Assim, sempre que algo se aproximasse, Lopunny poderia avisar-me, e assim nos garantiríamos.
A voz ia se afastando, dizendo que poderia ser encontrada no mar da praia onde eu estava, e concederia a mim uma benção. Após dar uma advertência sobre eu ficar vivo, um choque atinge meu pulso. Me contraio de dor, até que vejo um botão igual ao da orelha de Lopunny. Já não era o bastante um chute em minha mão, agora eu precisava de um choque também? Deixando isso de lado, acho que agora eu e ela estávamos ligados, até sairmos desta ilha.

Olhei para o horizonte, onde se encontrava o mar, e tentei enxergar alguma figura. Nada. Olhei para Lopunny, esta estava brincando com a água da maré que subia.

- Certo, Bunny - Disse eu, ela logo prestando atenção - Você possui uma audição muito boa e consegue pressentir perigos sem chamar atenção. Avise a mim se algum perigo estiver perto.

Após isso, acho que seguiria as instruções da voz a minha cabeça para tentar ir ao mar e encontra-la. O único problema era como chegar até ela. Acho que antes de mais nada eu teria que dar uma volta perto da água, procurando por itens ou algo do tipo, até que eu pudesse encontrar algo. Se algum perigo chegasse até mim, rapidamente Lopunny pressentiria. Com isso, fui a procura do Santo que ecoou sua voz em minha mente.

Lopunny se divertia ali, na maré alta. Estava graciosa e não se preocupava com absolutamente nada. Mas, logo não tardou a desgraça cair sobre ela, um bando de piranhas raivosas saltaram, em direção a Lopunny. Eram Carvanhas, e estavam furiosas. Rapidamente, Bunny consegue afasta-las com um golpe de capoeira, batendo nos peixes com suas pernas. Porém, ao se levantar, um Sharpedo atacou. Ele cravou suas presas na orelha esquerda de Lopunny. Aquilo era horrível, o sangue escorria muito e ela se contorcia de dor. Estava perplexo, precisava tirar aquele demônio de seu corpo.

- Bunny, fique calma e use se Dizzy Punch para tentar rebater ele para longe. Use o máximo de vezes que conseguir!

Aquilo era terrível. Eu precisava tomar providências. Se aqueles Dizzy Punch não surtissem efeito, eu teria que ir lá e arrancar Sharpedo da orelha de Bunny. Sendo assim, tomaria impulso e saltaria, dando uma voadora contra o corpo do Sharpedo. Aquilo deveria ser o bastante, então me afastaria para que o mesmo não me abocanhasse.

Se tudo desse certo, rapidamente pegaria Lopunny e puxaria para onde o mar não tocasse-nos, e alguns metros mais longe.

A cena era horrível. Lopunny simplesmente não estava aguentando. Mas ela ouviu meu comando e conseguiu fazer aquele Sharpedo de soltar de sua orelha. Foi um golpe perfeito, os Dizzy Punch foram o bastante para tudo aquilo. Percebi logo que ela não era apenas uma prostituta de luxo seduzente, ela também tinha seus dotes para batalha.

Aproximei-me, e examinei o machucado em sua orelha. Estava horrível, o sangue escorria e as marcas das presas de Sharpedo jaziam na pele de Bunny. Retirei meu sobretudo de couro e revelei minha camisa preta de algodão, então rasguei a manga direita até o cotovelo e amarrei cuidadosamente na orelha de Lopunny, para estancar o sangramento e fazê-la se sentir melhor. Minhas luvas de couro ficaram manchadas de sangue, mas aquilo não era problema. Peguei um pouco de água e limpei minha mão e chequei Bunny, esta estava se sentindo melhor, apesar do machucado estar doendo.

Já íamos dar o fora dali, quando o mar se abriu diante de nós, numa passagem que levava adiante. A voz ecoou na minha cabeça, dizendo para eu ir até ela por aquele caminho. Poderia ser uma armadilha, mas acho que eu deveria arriscar.

- Muito bem, Bunny, vamos por este caminho, algo me diz que será algo bom. Cuidado com qualquer perigo que aconteça, e tome conta do machucado.

Assim, adentrei o corredor de água, junto a Bunny, que estava ao meu lado.

Assim, após atravessarmos, encontro um salão, onde numa rocha polida estava um enorme Lapras. Então, era este Pokémon que fazia os sons ecoarem a minha cabeça. Ela logo começa a se apresentar e a falar que eu poderia ter alguma dica ou talvez lançar uma onda de azar em alguém da ilha. Mas, para isso, o preço de dar o meu braço era requerido. Um alto custo, preferiria dar minha alma ao lugar do braço, mas esta era a proposta de Lapras. Fiz minha escolha sabiamente, Lopunny estava nervosa ao meu lado, mas não fazia nada.

- Oh, grande santo Lapras. - Dizia eu ao Pokémon divino. - É verdade que preferia lhe dar minha alma ao lugar de meu braço para vossa santidade, mas se este é o caso, dou meu membro de bom grado. Peço apenas para que seja o braço direito, mesmo sendo ambidestro eu ainda trabalho melhor com o esquerdo. Em troca deste braço, quero que lance uma onda de azar a algum concorrente da ilha.

A melhor opção era uma onda de azar, já que assim eu poderia eliminar mais rapidamente a concorrência e sair logo daquela ilha maldita. Após todo o trabalho feito, sairia dali pelo mesmo caminho a qual eu entrei.

Parecia que Lapras preferia minha alma a meu braço. Logo, um som tomou minha cabeça, e não vi mais nada, até que voltei a realidade. Me sentia vazio, como se a vida houvesse me abandonado. Como se faltasse ar a mim, mas eu ainda estava respirando. Os céus trovejaram, e Lapras avisou para eu sair dali rapidamente. Fiz sinal a Lopunny para corrermos, e logo estávamos a todo vapor para sairmos dali. Ainda me sentia muito estranho. Queria sair daquela praia logo e adentrar a floresta, mas acho que isso demoraria um pouco. Ao menos havia deixado aquele local.

- Bunny, vamos sair daqui logo, vamos entrar na floresta.

Seja o obstáculo que estivesse a minha frente, eu o destruiria. Mesmo me sentindo sem vida, eu me sentida feroz e sedento por sangue. Subi meu lenço vermelho até o nariz, tirei o óculos escuro de meu bolso no sobretudo, no peito esquerdo e o coloquei. Chamei Lopunny para prosseguirmos.

Após conseguir alcançar a praia, o corredor marinho por onde estávamos passando se fechou bruscamente. O mar se agitava, com uma tempestade se aproximando. Lapras não estava brincando. E ela tinha me alma, mas não estava preocupado com isto. Eu apenas precisava sair dali o mais rápido possível. Ao olhar para leste, vi um Kingler gigantesco, que parecia estar lutando com um Scolipede. Seria algum dos participantes da Royale Island ali? Seja como for, não iria nem chegar perto dali, preferiria sair logo da praia e deixar aqueles ali morrerem.

- Vamos Bunny, não precisamos saber o que é aquela luta.

Começamos a correr a toda velocidade para a floresta, no intuito de sair da praia. Já não queria mais nada ali, peguei a benção que precisava e ainda de quebra consegui lançar uma maldição em alguém da ilha. Lopunny corria ao meu lado, acompanhando minha velocidade, mas acho que ela poderia ser mais rápida que eu, se eu não tivesse atrasando-a.