Skinny - [Rota 02]

12:45, Ensolarado
Rota 02

-- Aaah que fomeeee! -- Praguejei vendo minha barriga roncar. Estava feito um condenado, desde Pallet não tenho me alimentado direito, só queria saber de agilizar os meus passos e acabei me esquecendo da minha própria saúde. Bom, agora me encontro na Rota 2, uma semelhante a Rota 1 só que com mais árvores do que o normal. Uma estrada gramada me conduzia ao que parecia a Viridian Forest lá no horizonte, era uma visão bonita, entretanto, horripilante. Não posso ir pra lá desprevenido! Existem muitos insetos e na companhia do Inkay eu seria uma presa fácil, não desmerecendo-o, mas insetos são a sua fraqueza voraz.

-- "Ele nem pode imaginar que eu esteja pensando isso... Espera, será que ele é telepata?!"

Inkay tomava a frente esbanjando coragem e liderança junto a seus óculos escuros, que convenhamos, deixava-o MEGA engraçado. Imagine só, uma lulinha colorida sempre piscando em luzes ofuscantes e agonizantes, flutuando serenamente e ocasionalmente fazendo peripécias aéreas acompanhados de um óculos escuro totalmente desproporcional ao seu tamanho?! É hilário! Mas ele se sente um máximo com isso. Se bem que... de uns tempos pra cá, a medida que ele veio ganhando Experiência, é notável o seu crescimento, deixou de ser uma lulinha minúscula. Meus pensamentos não fugiam da criatura grotesca e horripilante que ele seria futuramente, afinal, nunca vi um Malamar de perto mas posso assegurar de que seu olhar e presença não me é muito agradáveis. Enfim, meu estômago voltava a roncar ainda mais forte, debaixo daquele sol escaldante já não conseguia mais caminhar, me atirei ao chão desejando um descanso e um banquete também!

-- Inkay, pare! Vamos descansar por favor. Estou faminto! D: -- Não sei se era a alucinação do momento, mas um cheiro gostoso começava a invadir o meu olfato, seguia-o e denunciava que o odor vinha de minha própria mochila. -- COMIDA?! -- Oh sim, comida! De fato tinha me esquecido dos frutos que tinha dentro dela, na verdade eles estavam verdes quando iniciei a jornada, mas como ficaram abafados logo estavam maduros e prontos para o consumo. Sem pestanejar tratei logo de morder uma Mago Berry suculenta e formosa, comi feito um condenado sem nem mesmo degustar o sabor da fruta, que cá entre nós não era tão agradável assim. O que era doce de início se tornava amargo no final e deixava uma leve dormência na língua, mas eu estava com tanta fome que podia julgar aquilo como o melhor alimento do mundo! Inkay apenas observava aflito, parecia conhecer sobre a fruta mas não me impedia em nenhum momento de continuar comendo-a.

Certo, fruta totalmente devorada, agora me vem as conclusões. Ela poderia não ser a melhor coisa do mundo, mas o momento pedia por algo que saciasse a minha fome, e por mais incrível que pareça, uma Mago Berry apenas foi o suficiente. Estava farto, tanto que começava a suar frio rapidamente e via tudo rodando e perdendo o foco.

-- Cara que p...orra é essa meu? Bateu uma onda forte aqui -- Ria por acaso. Sentia um leve enjoo também, e logo concluí de que comer aquele fruto não foi uma boa ideia. Eu não sabia, mas a Mago Berry trazia saciedade, todavia, contém uma substância alucinógena capaz de deixar qualquer um numa maré de confusão. Inkay não ajudava em nada piscando daquele jeito! As luzes só aumentavam a minha sensação de enjoo e também provocavam a minha sanidade mental. Logo viriam as alucinações... então é melhor eu ficar parado. Fui rastejando até uma árvore próxima e ali me encostei para descansar e ver se o efeito daquele fruto passava. Inkay ficaria como sentinela enquanto isso.  

Trevor não estava em condições favoráveis no momento, o inseto poderia até comê-lo vivo se fosse o caso que ele nada faria. Caiu no sono após o efeito do fruto, um repouso reforçado seria a melhor forma de apaziguar as sequelas, sendo assim, restava Inkay como sentinela de seu treinador, então, nada mais divertido do que vermos o seu lado da história.


-- Ora veja só, se não é um Weedle. Reconheceria um de longe, uma pena que o lerdo do Trevor não esteja acordado para registrar esse verme naquele aparelho chato. -- Resmunguei. Com a Weedle muito próxima, e eu como Sentinela, tinha que cuidar para que nada atrapalhasse o descanso do meu consideravelmente burro dono. Onde já se viu? Comer uma mago berry sem saber de seus efeitos?! Eu bem que tentei avisar, mas não... O sabichão não sabe distinguir minha linguagem de sinais. Humpf... Como tudo sou eu por aqui mesmo, lá vou eu aniquilar esse vermezinho.

Aproximei-me do verme graciosamente com o balançar dos meus tentáculos perfeitamente simétricos, cheguei diante dele e dei-lhe uma fitada de olhos sob os meus fabulosos óculos escuros.

-- Ei verme, o que pensa que está fazendo?! Não ouse atrapalhar o sono do meu. .. Érr... É, do meu dono! -- Sendo assim, cortei o fio de seda que pendurava o inseto e tratei logo de intimidá-lo para um combate. Claro que eu sabia o que estava fazendo, afinal, sendo ele um pokémon selvagem o seu raciocínio não era tão lógico como o meu. Eu tinha que prostar superioridade! Acalantei meu bico para investir-lhe um poderoso Peck e acabar com essa sua sede de intromissão. E é claro, não poderia me esquecer de levantar um Reflect logo em seguida para que o mesmo não venha com agressividades para cima de mim. Tudo o que eu menos quero agora é um selvagem querendo bancar o esperto. Humpf! Jamais! Mostrarei a ele quem é que manda e quando o Trevor acordar verá que sou um pokémon muitíssimo exemplar com a minha lealdade, sagacidade e inteligência. Então verme, lute!

-- Mãe? -- Indaguei ao inseto -- Oh, que cute cute, está a espera da mamãezinha, que fofo -- Debochei. Não acredito que aquele verme não era capaz o suficiente para me enfrentar sem precisar do reforço da mamãe! Se bem que... nós poderíamos ter evitado tudo isso se ele não se metesse no nosso caminho.

-- Ei verme, não vê que já está começando a fatigar? Melhor você desistir e dar o fora antes que eu te deixe com a cara no chão. Vamos...

Minha proposta era unicamente de paz, se ele nos deixasse obviamente que eu nada faria com ele. Impus toda a minha sagacidade, embora aquele inseto marreto fosse um tanto insistente. Caso ele não aceitasse a proposta, passaria a investir pesado com vários Pecks seguidos e deixá-lo derrotado de uma vez por todas.

Os zumbidos denunciavam a chegada da tal "Mã", o grande inseto prostava-se diante de sua cria e indagava-me sobre a sua decadência.

-- Teria sido diferente se este verme não fosse tão teimoso. Certamente essa falta de educação vem de berço, não é? -- Retruquei balançando meus lindos tentáculos. A Mã focalizava uma energia enquanto me fitava com muito ódio, ora bolas! Parece que ela não conhece o tamanho da encrenca que acabou de encontrar! Não estou disposto a ser tratado como o culpado daqui. Entretanto, conhecendo meus limites sei que aquele combate poderia ser um pouco mais perigoso que o anterior. Não tema! 

-- Acho que vou ter que reforçar a minha proposta antes que as coisas fiquem feias pra você, queridinha. Nos deixe em paz ou arcará com as consequências! -- Com isso já esboçava um gesto facial representando um Swagger, em seguida estaria pronto e bem ágil para atacar com tudo num Foul Play!

Sim o barulho certamente fez com que Skinny despertasse do seu descanso, o rapaz deparava-se com a abelhaabelha fazendo esforço para levantar uma nova investida. Assustou-se, lógico! Levantou num pulo e percebeu que Inkay estava envolto num confronto particular.

-- Ei ei, Inkay! O que está fazendo?! -- Indagou. Em seguida o jovem reparava na asa danificaca do inseto provocando ainda mais o seu desconforto. Mesmo com seu treinador já de pé, Inkay continuava com seu orgulho e mantinha as rédeas da situação flutuando rapidamente para todos os lados afim de encontrar uma brecha para desferir quantos Pecks fossem suficientes. Com aquela abelha naquele estado de ameaça, Skinny não poderia entrar em meio de campo e apartar a briga por um motivo desconhecido por ele. Ficava sem ação diante aqueles ferrões armados e saturados,de veneno.

-- Mas será possível que nem um breve cochilo eu posso tirar, Inkay?! --