Chapter 004 — Novos Horizontes

Certamente que aquela caminhada sob a lua cheia foi a melhor escolha para Cassandra. Menina de fibra essa, hmm? Depois de uma decisão tão difícil, não se abalou, seguiu em frente.

Agora, com tão somente Morgana e W-Lotus no time, a monotreinadora tentava deixar o fantasma da falha e do tropeço para traz enquanto pensava no a seguir; Viridian Forest. Misteriosa floresta, misteriosa mudança repentina de coloração, misteriosa lua cheia num dia tão... peculiar?

O fato é que a rota, graças a Arceus, estava vazia e a garota tinha toda liberdade de explorá-la como preferir. Decidiu começar ligando um de seus aparelhos. Estes marcavam certa presença no desejo da garota de explorar. E não demorou para encontrar alguma coisa. Andou cerca de 7 passos, fez algumas curvas, um ziguezague e por fim...

Uma Potion!

Cassandra achou 1 Potion!

Está certo que esse não era um dos itens mais almejados mas...tem lá seu valor.

Assim que apanhou seu item e o guardou, provavelmente perceberia olhos lhe encarando furtivamente na sombra de um arvoredo. Quando o dono destes olhos foi notado, rapidamente se escondeu. Mas, pelo movimento do arbusto, ainda estava ali, bem ao leste. Estava com medo? Tímido? Ou era uma armadilha? Tudo naquele lugar estava misterioso demais. O clima frio e a noite de lua cheia deixavam tudo com um aspecto mais tenebroso do que o normal. Restava saber se Cassandra estava abalada ou não com isso...

Como esperado; Cassandra e sua simpatia misteriosa.

Conseguiu ganhar um pouco de confiança do misterioso pokémon a ponto de se aproximar e não render nenhuma fuga inesperada. A garota levava jeito com eles, hmm? O fato é que, com sua pokedex conseguiu examinar a criaturinha reservada mesmo dentro do arbusto. Esta, por sinal, foi logo identificada como uma Cottonee.

#546 - Cottonee
Perhaps because they feel more at ease in a group, they stick to others they find. They end up looking like a cloud.

Terminada a análise, logo descobriu que se tratava de um Fairy-Type! Deveras surpresa, certamente os olhos da garota brilharam quando viram do que se tratava.

E esse não seria o único motivo...

Assim que Cassandra fez a sua proposta, assumindo responsabilidade de cuidar do pokemonzinho sem lhe fazer algum mal, a doce Cottonee saiu do meio do arbusto flutuando como uma pluma. No entanto, mesmo sob a luz do luar ou escuridão local, era visível a sua diferença de coloração. E não só; seus olhinhos estavam tristes também. Carregavam uma profunda solidão, coisa que Cassandra avistou logo de cara. Ainda assim, o pokémon não parecia querer se mostrar fraco... era um tipo difícil de lidar, hmm?

Flutuou um pouco até Cassandra, averiguou a garota cercando-a. Em seguida voltou a plantar em cima do arbusto em que estava. Parecia estar se escondendo, olhava para todos os lados, sempre muito atento...

Já era tarde da noite. O frio estava absurdo! Imagina, se até mesmo Cassandra sentia as dificuldades do clima, o que estaria passando uma gramínea solitária como essa?

Diga-se de passagem, não recusou a Oran Berry que recebeu. Saltou na mão da treinadora, apanhando a frutinha, enquanto se deliciava com ela ainda flutuando. No entanto, não parecia ser muito do tipo que aceita carinho assim de bom grado. Certamente carregava experiências terríveis. Tudo aquilo que Cassandra disse sobre ter mexido com ela, talvez tivesse algo a ver com isso. Era notório! O próprio olhar da Cottonee refletia uma dor e solidão muito profundos... como um pokémon pode sofrer tanto?

Mas a fadinha não se abalou. Continuou firme, provavelmente aprendeu a viver só. Aceitou o "abraço" de Cassandra somente enquanto devorava a tal berry. Depois, logo se desvencilhou da treinadora e voltou a flutuar para o tal arbusto em que estava. Provavelmente queria se proteger do frio ou algo do tipo. Deixou claro que não estava interessada em ser dominada pela lábia de algum treinador, mesmo esse sendo Cassandra com sua persuasão incrível. Bem, parece que pela primeira vez a garota se deparou com uma situação que não seria capaz de resolver simplesmente com diplomacia. Ou seria? Era um pouco cedo pra dizer. A Cottonee só estava mais preocupada com a própria segurança mesmo. Continuou observando muito atentamente os arredores e, a todo momento que um novo pokémon aparecia, ela escondia-se. Era muito astuta por sinal.

Ao menos, só a sua aparição já bastou pra encher o coração de Cassandra de esperança. Uma coisa que estava falhando desde o seu tropeço na captura de Corsola e Shellos...

* Sobre a nature já vou incorporar desde agora, tudo bem?
* Infelizmente eu fiz um sorteio pra definir se ela ia aceitar a captura de bom grado e caiu que ela recusou. Você pode tentar de novo ou se preferir, usar o meio da batalha.

Cassandra estava indo pelo caminho certo. A garota sabia que uma batalha estava entre as últimas das últimas opções. Não haveria motivo pra forçar a Cottonee a mais dor, mais injúria... isso não fazia o estilo da garota. Decidiu então apelar; quem melhor do que Morgana pra resolver essa situação?

Livres da prisão circular - pokebola - Morgana e W-Lotus logo abriram largos sorrisos ao sentirem a luz do luar e aquele friozinho confortante. Friozinho pra elas, é claro. W-Lotus logo começou a perceber que o clima era um pouco mais pesado do que imaginou, rodopiou então e escondeu-se nos cabelos da treinadora, de onde observava tudo atenciosamente. Não que ela não se importasse com a Cottonee, pelo contrário. Sentia-se na responsabilidade de fazer jus a segurança de todos ali. Por isso, seus olhinhos ficaram muito atentos ao redor...

Já a Cleffa, doce Cleffa. Pequena Cleffa, grande coração...

Uma troca de olhares e foi suficiente! Sabia exatamente do que se tratava. Caminhou em seus passinhos leves, singelos. Fez um chamado carinhoso frente ao arbusto, conseguiu a atenção de Cottonee. A gramínea desceu o arbusto e colocou-se parcialmente pra fora, na altura da Cleffinha. Ambas se entreolharam. Um pouco desconfortada, Cottonee tentou desviar o olhar, parecia não querer estragar aquilo que a Cleffinha carregava nos olhos; esperança. Mas e quem disse que isso também não causou algum impacto na Gramínea? Certamente que a muito tempo ela não via um pokémon tão feliz estando ao lado de um treinador. Aquilo lhe deixou intrigada.

[ ... ]

Algum tempo de conversa, minutos apenas. O suficiente pra Cassandra entender que Morgana conseguiu estabelecer contato com a Cottonee. Com muita simpatia, carinho, tolerância. As características daquela Cleffa eram mesmo incríveis. Sua inocência transbordava junto de um coração tão grande que não era compatível com seu tamanho corporal. Ela era definitivamente uma luz do luar na mais escura caverna que aprisiona pokémons como a Cottonee.

Solidão? Não era suficiente. Sofrimento também não. Tudo que a Cottonee sentiu e transbordou nas poucas lágrimas, foi conforto. Sentia-se acolhida. Morgana lhe abraçou por alguns instantes e...estava feito. Olhou de canto para Cassandra como se dissesse que aquele era o momento, e certamente sua treinadora entenderia do quê...

Não demorou, não hesitou. Apanhou sua pokebola, tocou na testa da Cottonee e cerca de alguns segundos depois, a gramínea foi abduzida pela esfera. A pokebola balançou repousando em solo por mais algum tempo até que finalmente acendeu em luz verde.

Cottone foi capturada com sucesso!

Terminada a captura, Morgana rodopiou de felicidade. Estava satisfeita de ter conseguido uma nova companheira pro time. W-Lotus também comemorou, do seu modo mais reservado é claro.

No fim das contas, a brisa gélida anunciava uma madrugada extremamente fria. As folhas das árvores caiam, nenhum sinal de treinador por perto. Parece que era um bom momento pra atravessar a rota, ainda que fosse de certo modo...perigoso? Talvez. A escolha era de Cassandra, é claro.

Cassandra

Estaria a Criadora se recuperando aos poucos? Talvez fosse cedo demais para fazer isso. A ausência de Morgana - esta que se encontrava dentro da pokébola - somente tornaria tudo mais difícil. A Cleffinha sequer tinha chances de tentar alentar sua mestre, ou mesmo confortá-la com seus carinhos. O horário avançava tão rapidamente quanto a intensidade do frio. A cada segundo as rajadas de ventos tornavam-se mais e mais gélidas, causando calafrios em Cassandra.  

O caminho até Pewter não era assim tão grande agora, mas ainda precisaria de alguns minutos até sua chegada a cidade cinza. Ela rumava atenta, mas ao mesmo tempo indiferente. Seu olhar estava apático, da mesma maneira que sua feição. E se algo poderia mudar isso, sem dúvidas seria a visão daquela silhueta avançado rapidamente em sua direção. Incialmente, um susto. Qualquer um que passasse pelo o que ela havia passado se alarmaria com uma aproximação tão repentina e veloz em plena madrugada.

Percebeu então tratar-se de uma menina, mais nova que ela, acompanhada de um pokémon rosado que flutuava em seu encalço. Trajava um vestido preto e curto, com um casaquinho rosa por cima. Seus sapatos portavam a mesma coloração feminina, as meias longas em tom também negro, combinando bastante com seus cabelos escuros.


Quando chegou perto de Cassandra, ela inclinou seu dorso pra frente e apoiou-se sobre os joelhos, arfando em visível cansaço. Com certa dificuldade, arrumou seus óculos no rosto e falou:

— P-Pela descrição você de-eve ser a C-Cassandra?!

Fez então uma pausa para respirar, só então prosseguindo. Dessa vez conseguia falar sem gaguejar, aparentemente recuperada da fadiga.

— Me chamo Nicki. Sou uma amiga e estagiária da Enfermeira Joy de Pewter. Uma velha senhora apareceu e nos disse que você precisava de ajuda imediatamente, mas não nos deu muitos detalhes fora sua localização. Antes que pudéssemos perguntar mais, ela desapareceu com aquele Alakazam... - explicou tudo, quase sem respirar. Era um tanto afobada, podia-se perceber. — O que está acontecendo afinal?

Parece que Dercy havia auxiliado Cassandra mais do que ela pensava. Sem dúvidas a anciã o fizera para caso da Monotrainer não conseguir deixar a Floresta Vermelha rapidamente e seguir ao Centro Pokémon. O socorro acabara vindo ao seu encontro, ainda que se tratasse de uma mera assistente. Estava ali a oportunidade para que a criadora conseguisse os cuidados necessários - ou parte deles - para sua amada W-Lotus.