[ Hunter Island ] - Hummingbird e Kio

Meu ataque finalmente surtiu algum efeito, agora aquela gosma estava dormindo, se dissolvendo aos poucos na água enquanto derramava todo o seu corpo pelo campo. Sentia nojo dele, ainda mais por ter que vê-lo escorrendo sobre meus pés.
– Wakka retorne agora. – Poliwag já havia feito o que eu queria dar um jeito de imobilizar aquele oponente, tão chato quantos os outros que havia enfrentado. Mas ainda assim, Grimer poderia vir a acordar a qualquer momento, e agora que retornei meu parceiro, iria usar aquilo como saída e correr, contudo, ainda tinha os Pokémon selvagens que viriam a qualquer momento depois daquele grito escandaloso e não teria tempo para revidar ao buscar um forte contra eles. Estava pensativo, forçando minha mente a vasculhar minhas idéias e buscar uma saída. Tudo que consegui pensar foi em pedir ajudar para o garoto ao meu lado, ele estava se dando melhor contra aquela larva venenosa.  – Tsc.. Não poderei agir mais sozinho.
Procurei subir em um árvore, em galhos um pouco baixos, não era ágil ou muito menos apto a escalar algo como se fosse um macaco, mas poder sair do meio daquela lama e ter uma visão mais ampla já ajudaria. Lancei Tuth silenciosamente e o repousei entre alguns galhos, deixando-o oculto até que fosse preciso colocá-lo em ação.
– Ei, Enzo! Poderia me ajudar aqui? – Hesitei um momento, buscando um motivo que não parecesse tão óbvio. – Wakka não pode mais lutar e o Grimer já está acordando, não poderei vencer assim!
Minhas palavras foram vagas e ao mesmo tempo sérias. Sinceramente, precisava treinar mais isso caso queira continuar sem problemas, estava ficando cada vez mais óbvio que eu não possuía somente uma intenção ao dizer tais palavras.

Grimer havia sido derrotado com aquele único ataque da Butterfree de Enzo. Para um Pokémon pequeno era bem forte com seus ataques psíquicos, além de sua beleza exuberante. Wakka também estava se tornando forte, dentro de sua Poké Ball podia ver o quanto parecia estar melhor e sorridente, como sempre.
O garoto voltara a falar comigo agora. Descia da árvore lentamente enquanto escutava suas palavras, tomando cuidado para Tuth não se machucar ou ficar preso em algo. Enzo disse algo sobre retribuir a ajuda dele, onde ele atacaria novamente e eu capturaria o Pokémon para ele. Fiquei pensando sobre a proposta um pouco. Não seria nada legal ir embora dali e deixá-lo de mãos vazias após me ajudar contra aquele poço de lama ambulante. E então cedi. Virei-me para ele, agora mostrando Tuth aconchegado em meus braços, e o respondi.
– Ok. Eu ajudo você. – Fui rápido e vago, não parando para prestar atenção em volta. – Mas o que irá fazer com tantos tipo Inseto? Já vi três em sua equipe e nada impede de ter mais com você...
Esperei algum tempo, enquanto ele pedia para Butterfree atacar Venipede, que agora não estava em boas condições também. Peguei novamente a mochila que havia pegado quando cheguei ali, procurei alguma Poké Ball vazia em meio a todos aqueles itens variados. Consegui achar algo semelhante a uma, no entanto, era toda vermelha e não dividida entre vermelho e branco como as outras. A lancei sobre a larva logo em seguida, esperando algum tipo de sinal de sucesso vindo da esfera.

Venipede havia sido capturado com sucesso, um alivio para mim e principalmente para Enzo, que estava feliz ao ver que conseguiria seu novo parceiro em breve. Apesar de tudo ter ido bem naquele início, logo fomos surpreendidos por um novo oponente. A lama que estava próximo a mim e Butterfree “criou vida” e a agarrou, com toda certeza um Pokémon camuflado.
– De novo isso! Nem posso ter um descanso?! – Falei comigo mesmo enquanto abria a Pokédex em minha mão direita e observava os dados daquele novo adversário. Para minha surpresa, aquele bicho estranho enrolou seu corpo em Tuth, meu Venonat, e o prendeu, esmagando seu pequeno corpo roxo enquanto mordia fortemente a borboleta, como se quisesse saboreá-la. – Tuth!
Tudo que consegui pensar naquele instante foi “o que farei agora?” até que meu parceiro, se assim posso dizer, voltou a falar comigo, dizendo que recolheria Hakuren, que deduzi ser sua Butterfree, e que precisaria de cobertura naquele instante. Fechei meus olhos um pouco, precisava me acalmar e pensar em como agir ali. Minha mente voltou a se encher de pensamentos ruins e ataques, outras escolhas de Pokémon que eu poderia fazer e tudo mais que eu poderia fazer, mas nada me parecia ser bom o suficiente para passar sair dali sem danos grandes ou até mesmo com todos a salvo. Queria simplesmente retornar Tuth e sair dali, correndo entre aquela lama misturada a água rasa, abandonando Enzo, porém não podia deixá-lo sozinho, não depois de ajudá-lo e começarmos a nos tornarmos “amigos”.
– Droga! – Gritei alto enquanto passava a mão em minha cabeça, tirando meu boné em seguida, deixando meu cabelo bagunçado a mostra. – Tuth se ele agarrou você e mordeu a Butterfree, algum ataque foi usado, então use Disable e o impeça de usar isso novamente!
E assim foi meu comando, em meio a gritos de raiva misturados ao desespero. Esperava que pelo menos Tuth conseguisse se mover para atacar, ao estar preso daquele jeito me parecia impossível conseguir algo, me restando somente alguns poucos ataques realizáveis.

OFF:
Atualizar a personalidade do Wakka, meu Poliwag, para a seguinte:
Sempre dócil com todos, algumas vezes até mesmo imitando quem está perto dele para brincar. Sorridente e alegre se torna um bom parceiro, sempre apto a batalhar quando preciso.

Meu ataque de puro desespero, para a minha sorte, funcionou, desabilitando o movimento daquela serpente que agora descobria se tratar de um Seviper, que provavelmente daria trabalho assim como Grimer. Mas agora não iria recuar ou pedir a ajuda de Enzo, precisava lutar por mim mesmo ao menos uma vez, além do mais, Tuth agora estava mais forte e pode ter aprendido novos ataques. Apontei o visor de minha Pokédex para Venonat e observei seus dados, analisando os novos ataques, com toda aquela experiência de combate ele acabou por realmente aprender um novo ataque, Confusion era o seu nome.
– Um ataque Psíquico contra um tipo Venenoso, parece uma boa escolha. – Olhei rapidamente para meu parceiro que comandava o Pokémon que acabara de lançar, uma Beedrill. Não perdi a chance de analisar seus dados, usando a Pokédex novamente em um de seus Pokémon. Em seguida voltei a me focar em Seviper, que agora seguiu firme com um tipo de veneno disparado de suas mandíbulas. – Tuth, meu pequeno, siga com Confusion na cabeça dele tentando fazer com que ele não consiga prosseguir com futuros ataques e quem sabe até acerte a si mesmo!
Estava voltando a ficar confiante que algo poderia começar a dar certo ali naquele lugar perdido e desabitado, até mesmo estava deixando de ser tão rancoroso e chato com quem estivesse perto de mim. Vi até mesmo Enzo sorrir para mim enquanto me fitava às vezes, me sentia mais confiante tendo ele para me auxiliar ali.

Os ataques estavam funcionando, mas aquela cobra horrenda nem ao menos parecia se importar, ela simplesmente abria sua mandíbula e colocava aquela língua vermelha para fora, um fato curioso, porém que não seria útil ficar observando. Seviper já estava ficando furioso com o pequeno Venonat por causa de seu ataque. Entretanto, quem deveria estar com raiva sou eu, ela teve a audácia de vir arremessar meu parceiro no meio daquele lodo e o sujar todo! Esses Pokémon abusados de hoje em dia! Os lá de Johto eram muito mais comportados!
Escutei Enzo sugerindo uma estratégia para usarmos. Parei um pouco e analisei o que ele dissera. Aparentemente era uma idéia boa, mas dependendo de onde Beedrill estiver Tuth a acertaria. Pensei em seguir com algum outro ataque, talvez o Supersonic, mas não poderia correr o risco de deixar Seviper me atacar novamente ou até mesmo conseguir parar a abelha. Tudo parecia tão arriscado ali. E como esperado, a serpente seguiu atacando Venonat, como se estivesse sedento por sangue.
– Por que os Pokémon daqui tem que agir como canibais? – Falei enquanto me virei para Venonat. – Tuth, saia correndo por ai, deslize na lama e salte para cima das árvores e vá até suas folhagens, tente impedir que ele o acerte e então quando estiver em um ponto alto use Confusion para pará-lo até que Suzumebachi venha ajudá-lo com seu ataque!
Agora só me restava apostar toda minha esperança e chance de um ataque efetivo naquela corrida de Tuth em meio ao campo. Usá-lo ao meu favor se tornou o único meio de, ao menos tentar, vencer aquela serpente que mais parecia um arco-íris.